segunda-feira, julho 23, 2012

Os Livros da minha vida (Parte 1)




Querido Blog.


Os livros fazem parte da minha vida.
Nasci no seio de uma família a eles dedicada, desde 1957, editando livros científicos em português, recusando o facilitismo das traduções de gurus internacionais, e apostando em autores portugueses.
Nasci numa família dedicada ao conhecimento, cresci a fazer perguntas, umas em tom curioso, outras em forma de desafio.
O amor aos livros, a dedicação ao conhecimento, foram das melhores mensagens que os meus pais me transmitiram, desde pequeno. 

Querido blog, esta rubrica é dedicada aos meus pais.



Os livros e bandas desenhadas foram a melhor forma de "calar" as perguntas incessantes do puto refilão, curioso, sobre tudo o que via. Cedo os meus pais me explicaram que aqueles objectos misteriosos continham as respostas para os maiores mistérios, os mapas para os os mundos mais fantásticos, e as chaves para o imaginário do nosso "eu" profundo, onde somos só nós, puros, livres de pensar e respirar pensamentos...
Li muitos livros e bandas desenhadas, mas há 4 colecções que ainda guardo religiosamente.


A colecção história júnior foi para mim uma forma linda de conhecer um pouco da história do mundo. Quando vi o primeiro ainda mal sabia ler, e a vontade de perceber o que diziam nos balões brancos aquelas pessoas que estavam dentro do livro foi para mim uma grande motivação, e com a ajuda da minha tia Ester rapidamente dominei a língua de Camões, e depois a matemática.
As aventuras lusitanas, as grandes invenções e os grandes líderes dominaram o meu imaginário. Ainda hoje o fazem...



Os meus livros do Asterix e C&A,Tintins e Lucky Lukes foram os meus tesouros preciosos durante muito tempo. Lia-os a correr, memorizava tudo e guardava para não se estragarem. Os meus pais contam-me que me ria sozinho na sala a ler estes "livrinhos". Ao menos estava quieto uns 10 minutos. 

Mas quem nunca se emocionou a ler, não sabe o que é "entrar" num livro. Um livro não se lê verdadeiramente, respira-se, vive-se. 


Quando respiras um livro ele passa a fazer parte de ti.




Sociologia dos bonecos (parte 2) - legos e soldadinhos!



Querido blog,

Adoro os meus pais, mas há 2 ou 3 coisas que nunca lhes consegui perdoar verdadeiramente. Os legos foram na minha infância a melhor prenda que me podiam dar, sobretudo se fossem soldados ,canhões e afins. Lembro-me de derreter o juízo aos meus pais, recorrendo a exigências, birras e chantagens de toda a forma para tentar ter o barco pirata. 
Hoje, no rescaldo do Tall Ships Lisboa, lembrei-me que nunca me dera o raio do barco que eu queria tanto.

Para compensar, fazia grandes combates entre os meus soldadinhos de plástico e os legos, sendo que estes últimos, talvez por terem um aspecto mais simpático, e armas mais ranhosas, acabavam por vencer contra todas as probabilidades. 
Parece que desde criança tinha esta coisa na cabeça que os "mais fracos" também deviam vencer. Olhando para dentro hoje, acho que ainda não resolvi bem essa coisa, mas gosto mais de mim assim.
Acabei por largar os legos, à medida que colecionava os soldadinhos, com os canhões, tanques de guerra, os verdadeiros heróis das batalhas na praia com os outros miúdos. Claro que estes não deitei fora, vão ficar à espera que um dia outras mãozinhas cheias de imaginação queiram dar-lhes vida de novo!

Uma coisa que sempre me fez um bocado de impressão, foram a falta de brinquedos deste género inseridos nas temáticas da história de Portugal.Já viram o que era ter um D. Afonso Henriques a cavalo,à cabeça das hostes portuguesas, a bater nos mouros como se não houvesse amanhã?

Isso é que era!