terça-feira, fevereiro 26, 2013

Encruzilhadas perigosas




"O mercado asiático também sofreu com a indecisão política italiana. A bolsa de Tóquio encerrou a sessão desta terça-feira a cair 2,26%."

Quando o resultado de uma eleição tem consequências tão disseminadas pelo mundo, percebemos que o paradigma de governance internacional em que vivemos, sofre de hipersensibilidade democrática.
Portanto, os juros disparam em diversos países porque os italianos não gostaram do candidato que os mercados quiseram impor a todo um povo.
Não fosse a gravidade deste facto, e eu estaria hoje despreocupadamente a trocar umas piadas com amigos, porque os italianos deram uma "tampa aos mercados".

Mas é grave.
O sistema político e financeiro que representa o paradigma do chamado primeiro mundo, está em convulsão.
Os actores financeiros e políticos do mundo ocidental comportam-se como se pudessem viver um sem o outro, numa dança de poder que os impele para um braço de ferro impossível, com consequências imprevisíveis.
Gostemos ou não, "os mercados", os Estados, e os povos do primeiro mundo estão todos no mesmo barco, mas o equilíbrio que existia entre todos, já não se verifica.
Existem diversas explicações possíveis para esta evolução, mas uma delas seguramente é a ausência de uma estratégia total para o projecto europeu, que influencie as estratégias integrais dos Estados.

O sistema teórico de desenho e formulação estratégica da União Europeia é qualquer coisa como isto:


Num mundo em que as organizações de elevada complexidade procuram os melhores métodos de recolha e tratamento de informações, e reconhecem a absoluta necessidade de processos de decisão estratégica, execução e feedback cada vez mais eficazes, o actual modelo em vigor no Sistema Europeu é, no mínimo, anacrónico.
Com a crise actual a dilacerar os elos de solidariedade entre os Estados Europeus, e a permanente vulnerabilidade dos sistemas políticos nacionais, são factores de risco que não podemos ignorar, sob pena de assistirmos à queda de um sistema de equilíbrios, sem sabermos qual é o sistema que irá emergir dos destroços.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Faz o que eu digo, Não faças o que eu faço!


Querido Blog,
Escrevo-te para te dar conta do que o amigo Jorge Janeiro escreveu, a propósito das manobras políticas a que assistimos no meu querido Concelho de Oeiras.
Gostava de destacar dois momentos deste post do Jorge, que me parecem particularmente relevantes, nos tempos que correm:


- A propósito de uma entrevista dada Pelo Vice-Presidente da CMO a uma revista, que foi paga com dinheiros públicos:

" Fiz um requerimento na Assembleia Municipal a pedir as faturas (hoje em dia obrigatórias…) para confirmar em quanto ficou tudo.
O senhor vice-presidente admitiu que quem pagou foi a Câmara Municipal, apesar de na capa se assumir como candidato, porque foi “convidado” para ser entrevistado. 
O que não deixa de ser curioso. 
A apropriação de dinheiros públicos para fins privados é crime público, pelo que há que ter cuidado nesta matéria."

- Referindo-se à inauguração da fase 2/B do Parque dos Poetas:
"Eu compreendo a necessidade de o Isaltino deixar a sua marca. 
Mas podia deixar-nos o mesmo legado comprometendo menos o nosso futuro, pois 9 milhões de euros dariam, muito provavelmente, para fazer dois ou três parques ainda maiores do que aquele, servindo mais gente, satisfazendo ainda melhor as nossas necessidades e custando menos em manutenção. 
Ou dariam para fazer um parque e reabilitar vinte ou trinta apartamentos nos centros históricos para jovens, que continuariam a viver em Oeiras"

Estes 2 excertos reforçam a minha convicção da existência em Oeiras de poderes políticos que confundem os seus objectivos próprios com os os do Município.
A ingenuidade com que se admite publicamente que se "compram entrevistas" com dinheiros públicos para fazer campanha, justificando com o facto de também se falar do trabalho da Câmara Municipal, é de bradar aos céus.


Em casa de qualquer português, um "convite" para uma entrevista que custa 10.000 euros, não é convite nenhum.

O Parque dos Poetas sempre foi uma prioridade, uma afirmação de um Concelho feito à imagem do seu líder, que reclama o direito de sair pela porta grande, e assim, não havendo dinheiro para inaugurar a fase 2 inteira, dividiu a mesma num lado A e B.
Como muitos oeirenses, sinto simpatia e solidariedade pessoal para com este homem controverso, que marcou os últimos 25 anos deste Concelho. 

Mas o mesmo sorriso que me assalta ao assistir a mais esta "jogada do velho mestre maroto", transforma-se num olhar de desdém quando vejo alguém a esforçar-se tanto por ser a sua cópia.
Não deixa de ser caricata a relação contraditória entre estes 2 excertos, que caracterizam um homem que reclama direitos de autor pela sua obra, e outro que tenta imitar os comportamentos do primeiro, utilizando o nome da Isaltino para se promover políticamente.

Querido Blog,


A verdade é que Paulo Vistas não teve tempo para se afirmar sozinho, o Presidente Isaltino não lhe deu espaço durante o mandato, nem agora, a 6 meses das eleições entrega a Câmara ao seu Vice-Presidente.
Achas mesmo que alguém acredita que os munícipes vão eleger uma pessoa que conhecem pouco, e que em vez de se afirmar, dando a conhecer a sua personalidade, está a tentar ganhar as eleições a partir da imagem de outro?
Mas porque é que alguém vai confiar os destinos de Oeiras a um homem, se nem o actual Presidente, que lhe empresta o nome a imagem para a campanha, é capaz de o fazer?